Crescer com ética e fé


Especialista traça a evolução dos trabalhadores da época industrial com os dias atuais, citando o forte crescimento da China em comparação com os demais países

Nos idos da Revolução Industrial, não era fácil ser um trabalhador. As fábricas eram precárias, abafadas, sujas e com péssima iluminação. Os empregados, inclusive as crianças, chegavam a trabalhar 18 horas por dia e até estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões.

Os salários mal supriam as necessidades alimentares das famílias e não havia direitos trabalhistas, como férias, auxílio doença, 13º salário ou descanso semanal remunerado.

Em pleno século 21, a China não chega a reproduzir as condições aviltantes da Inglaterra do século 18, mas é certo que sua competitividade em preços deve muito à exploração exacerbada da mão-de-obra.

As jornadas podem chegar a 15 horas diárias, o descanso semanal remunerado é exceção nas empresas e muitas fábricas atrasam os salários durante meses, além de reterem os documentos dos funcionários, evitando assim que eles abandonem o emprego. Não deixa de ser um tipo de escravidão.

Por isso, quando se ouve falar do impressionante crescimento chinês, deve-se questionar: qual é o preço que a sociedade está pagando por esse desempenho econômico?

Claro que tem havido um resgate efetivo de muitas pessoas que estavam abaixo da linha da pobreza. Mas, não podemos achar que tudo corre às mil maravilhas.

Seja no que concerne às condições oferecidas aos trabalhadores, seja no âmbito do Meio Ambiente, a China de hoje e a Inglaterra de ontem em muito se assemelham.

Ambas transformaram florestas em carvão, envenenaram o ar e comprometeram a saúde de seu povo. Trata-se de um modelo de desenvolvimento diametralmente oposto ao que buscamos no Brasil, onde as empresas, cada vez mais, se comprometem com a proteção ao meio ambiente, com a responsabilidade social e com o respeito às comunidades onde estão inseridas. Somos um País cristão e sabemos que o crescimento depende de posturas humanas e fraternas nas relações trabalhistas.

Em vez de aderir a um modelo predatório, e que a longo prazo tende a se revelar insustentável, o empresário brasileiro se esforça para estar enquadrado nas diretrizes que pautam o conceito de sustentabilidade.

Muitas vezes, ele faz isso a duras penas, pois o nosso País tem uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo, entraves burocráticos de toda natureza e uma legislação trabalhista que, já não responde às necessidades do mundo moderno.

E, enquanto os chineses devastam seus recursos como se não houvesse amanhã, nós temos uma legislação ambiental que chega a extrapolar o bom senso com suas exigências e restrições.
Ainda assim, salvo raras exceções, o empresariado brasileiro nada fica a dever às boas práticas adotadas no mundo desenvolvido. E ele está cada vez mais atento às muitas implicações que suas decisões podem ter — implicações não somente econômicas, mas também éticas e morais.

Afinal, como disse o papa João Paulo II, a empresa não é apenas de seus sócios, mas, também, de seus trabalhadores e de toda a sociedade para a qual gera matérias-primas, produtos ou serviços. Um patrimônio coletivo.

É importante termos isso em mente quando invejarmos os 10% de crescimento econômico que a China vem alcançando ano após ano. Pois os nossos resultados, embora mais modestos, são consistentes e servem de alicerce para a construção de uma sociedade cada vez mais justa e equilibrada.

João Guilherme Sabino Ometto (Engenheiro (EESC/USP), é vice-presidente do Grupo São Martinho, vice-presidente da FIESP e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade)

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Rebecca Black e o marketing de resultado nas Redes Sociais


Antes de pensar em uma ação viral nas redes sociais, defina o seu planejamento e tenha claro o que você exatamente quer e quem deseja atingir. A comunicação muitas vezes é um estímulo e é o receptor da mensagem que vai definir se o produto é bom ou não.

Quem já teve a oportunidade de ir a uma de minhas palestras sabe que sou um fã de carteirinha de Stefhany Absoluta, aquela mesmo do Cross Fox, uma das primeiras web celebridades da cena musical brasileira.

Hoje, seu canal no Youtube conta com mais de 13 milhões de acessos e, de certa forma, coroa nossa cultura popular e demonstra na prática um pouco do padrão de consumo web de nosso país.

Somente para comparação, o astro Luan Santana, que no ano passado foi quem mais vendeu música no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Disco, com 232 mil CDs, têm mais de 60 milhões de acessos a seus vídeos.

Nas últimas semanas, um novo fenômeno tomou conta do universo digital. É a simpática e irritante garotinha de 13 anos, Rebecca Black, dona do hit Friday, que em pouco mais de um mês superou os 60 milhões de views.

O que chama atenção no caso de Rebecca foi a rejeição em massa (89%) a sua música, que é considerada pelos internautas a pior música de todos os tempos. Esta rejeição e exposição gerou comoção na web.

Celebridades como Lady Gaga saíram em defesa da jovem aspirante à estrela. O principal ponto aqui, para nós envolvidos com comunicação, é a comprovação de que nem sempre volume de views e alcance é igual a resultado de vendas.

Na semana passada, o mercado global da comunicação recebeu com surpresa a notícia de que a empresa Burger King estava deixando de trabalhar com a premiada e badalada agência Crispin Porter & Bogusky, uma das pioneiras em ações virais.

Outra informação que causou espanto para os profissionais de Marketing Digital foi o fato de que a Pepsi perdeu a segunda posição em vendas no competitivo mercado de refrigerantes americano.

E, finalmente, outra ação viral muito questionada foi o comercial ‘The Force”, da VW, em que diversas pesquisas demonstraram que, apesar de um sucesso viral, se falou muito pouco do produto, que era o Passat.

Em contrapartida, outras empresas conseguiram catapultar suas vendas, como a Old Spice e sua épica campanha “The Man Your Man Could Smell Like”, os bebês da Evian e o lançamento do novo Focus pela Ford americana.

O que muitas vezes esquecemos é que uma ação nas redes sociais, que acabam se tornando uma forma de mídia, requer planejamento e principalmente um objetivo claro de comunicação. Precisamos definir se queremos aumentar a presença da marca, criar um canal de atendimento, uma forma de promover ou de aumentar as vendas.

Assim como no universo offline, o início de tudo deve ser o planejamento de comunicação e as redes sociais são apenas um dos caminhos para se alcançar um resultado integrado.
Lembro que a comunicação muitas vezes é um estímulo e é o receptor da mensagem que vai definir se o produto é bom ou não. Aí, Rebecca, sou obrigado a concordar com a maioria!

Almir Neves (Diretor Executivo da empresa de educação Click Conhecimento e professor de Marketing)

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De onde vêm as boas ideias?

De onde vêm as boas ideias?
Vídeo do prof. Steven Johnson sobre o tema.

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Sua empresa é uma escola?

Prof. Vicente Falconi - Março de 2011

1 - Estamos sofrendo com a falta de pessoas qualificadas, com a rotatividade e o custo de mão de obra chegando às alturas. Em sua opinião, qual deve ser o papel das empresas na formação de mão de obra qualificada no país?

Anônimo

Há uns 45 anos visitei a Embraer para ver o primeiro modelo do turboélice Bandeirantes. Recentemente voltei mais uma vez à empresa, que hoje fabrica aviões pressurizados a jato - alguns dos quais estão entre os mais modernos do mundo. É nítido o quanto os engenheiros da Embraer aprenderam nesses últimos anos. Urna empresa pode ser comparada a um ser vivo que aprende. E, quanto mais conhecimento direcionado a seus resultados uma companhia consegue acumular, mais desenvolvida ela será. Isso é válido para qualquer ramo. Quanto mais urna empresa parecer uma escola, mais ela estará assegurando seu futuro.Recomendo-lhe investir pesado em treinamento porque esse é o dinheiro mais bem gasto que conheço. Existem diretores de diversas empresas que são contra esse tipo de investimento sob o argumento de que "não adianta nada gastar e perder o empregado logo em seguida", ou que "não vale a pena investir dinheiro e tempo para treinar profissionais que podem ir para concorrentes e levar todo o conhecimento".

Quando você perde seus recursos humanos qualificados, pergunte primeiro qual o problema com sua empresa e por que ninguém quer ficar. É sempre bom fazer uma autocrítica nesses casos. Por outro lado, algumas vezes o próprio contexto leva a uma rotatividade maior de pessoal. Sempre que o Brasil acelera seu crescimento, falta gente qualificada. Isso já aconteceu de forma grave na primeira metade da década de 70.

Tudo leva a crer que o pais entrou num período longo de desenvolvimento, e seria aconselhável que as empresas se preparassem para compensar essa falta de gente. Treinar é barato. Caras são as perdas incorridas na produção de mercadorias e serviços por pessoas sem treinamento. Equipamentos quebrados, defeitos de produção e clientes insatisfeitos são coisas que afetam muito mais o caixa do que os treinamentos.

Temos clientes que decidiram eles mesmos cuidar da formação de seu pessoal por falta de opção. Mas eles agora percebem que, se bem preparados, esses treinamentos são até melhores que os realizados fora da empresa. A razão é simples: sempre se pode dar exemplos concretos da companhia, e as escolas não conseguem prover esses exemplos vivos. Aconselho-o a ficar com um olho no treinamento e outro no índice de rotatividade de pessoal, desenvolvendo políticas que deixem os funcionários satisfeitos com sua empresa e, assim, reduzindo a perda de bons profissionais.

2- Trabalho numa rede de supermercados que só agora começa a ser administrada de forma moderna. Todos os nossos processos ainda são bem arcaicos, mas já começamos a adotar uma postura voltada para pessoas, metas e resultados. Neste momento estamos buscando criar nossa estratégia, bem como definir os rumos da empresa. Considerando que nosso ramo de atividade é o comércio, que vive da velocidade das vendas do dia a dia, como envolver a empresa toda nesse processo, de uma só vez, sem paralisá-Ia?

Marco Antonio Cruz, de São Paulo

Pelo que pude observar, sua administração da rotina ainda é fraca. Creio que, numa hora dessas, o mais importante é cuidar do dia a dia e assegurar que o organismo empresarial funcione bem. As compras são bem-feitas, as vendas ocorrem normalmente, a reposição é perfeita, entre outros indicadores de eficiência? Observe a natureza. Enquanto você lê este texto, não está preocupado com sua respiração, digestão, circulação sanguínea e com o funcionamento de seu sistema nervoso. Para que você possa aprender e melhorar sua vida é necessário que a rotina de sua saúde esteja bem.

O mesmo ocorre com as organizações. Eu daria total prioridade a arrumar a casa, acertando todos os processos, treinando as pessoas, desenvolvendo a cultura certa, mantendo limpeza absoluta e organização perfeita. Quando você tiver a certeza de que pode ficar despreocupado, então vale a pena se preocupar em rever sua estratégia e procurar as demais melhorias necessárias para crescer. Só com a adoção de um bom gerenciamento da rotina seus resultados já irão melhorar substancialmente.

Procure estabelecer o desdobramento de suas metas. Isso pode ser feito por etapas, em cascata, num processo baseado nas lacunas encontradas em cada nível da empresa, sem que os funcionários tenham de parar de fazer o que já fazem. Não se esqueça de ajudar as pessoas a fazer seus próprios planos de ação. Descobri, após anos de experiência com a realidade, que a maioria das pessoas não sabe montar planos de ação. Após ter seus planos prontos, eu recomendaria acompanhar de perto a execução, já que somos todos procrastinadores - é quase uma regra que deixemos tudo para depois. São medidas muito simples e trazem ganhos substanciais.

Prof. Vicente Falconi é consultor e sócio-fundador do INDG.

Fonte: Revista Exame - Edição 988 - 17/03/2011.

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“Precisamos começar a executar”



“Precisamos começar a executar”. Esta foi a síntese do talk show com Vicente Falconi durante o segundo dia do Fórum HSM de Gestão e Liderança 2011. Confira os principais destaques.

O professor Falconi abriu o bate-papo afirmando que está convencido de que já existe nas empresas uma quantidade de conhecimento muito grande. “O que falta nas empresas é execução, mas principalmente, fazer o que precisa ser feito. Nós precisamos começar a executar”. Para ele, as coisas simples podem ser executadas. “A cultura da não execução é uma coisa dramática, ainda mais quando existe a cultura da procrastinação. O fato fundamental é o seguinte: se eu não executar, nada acontece”.

Método

Falconi explicou que o filósofo francês René Descartes escreveu o livro O Discurso do Método, por volta de 1600. Para ele, método é a busca da verdade para se atingir os resultados. “É você tomar decisões baseadas na verdade, entender e continuar”. Para ele, há as verdades mostradas na análise dos dados e fatos. E as empresas, na grande maioria, não trabalham com elas. As pessoas vivem tomando decisões, que custam milhões, baseadas em opiniões. Ele afirma que todo gestor deveria ler Descartes.

“Afinal, o que é gestão?”, questiona. “Gestão é promover resultados, é resolver problemas, promover mudanças, buscar métodos. Você não consegue mudar uma meta, sem fazer gestão”. O professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais ensina que método é a soma das palavras de origem grega meta e hodos.

Para ele, meta é o resultado a ser atingido e hodos, o caminho para atingi- lo. “Você gerencia para conseguir resultados e, sabendo o caminho, será uma gestão muito melhor. Muitos definem estratégia dessa maneira, mas isso acontece porque estratégia se baseia em método”. O método é único: constitui a busca e o conhecimento da verdade. É tomar decisões baseadas na verdade, executar e continuar.

Se gerenciar é perseguir resultados, não existe gerenciamento sem método. O método é então a essência do gerenciamento. “Gestão é método”, afirmou, explicando que essa busca pela verdade, contida nas informações organizacionais de hoje, é que fornece a orientação necessária para a boa tomada de decisão. “Tomada de decisões com base em opiniões torna-se muito cara e, algumas vezes, desastrosa”.

Para que existe uma empresa?

Falconi ressalta que todos precisam sobreviver, e as empresas são constituídas para satisfazer as necessidades das pessoas. O método provê uma maneira organizada e racional para essa participação. Passa então a ser do interesse de toda a organização elevar continuamente o nível de conhecimento de todas as pessoas de tal forma que possam atingir resultados cada vez melhores.

Para ele, o primeiro conceito de gestão trabalhado é o foco. Se você perguntar a qualquer diretor de empresa sobre foco, ele vai responder: foco financeiro, ou foco no cliente, ou foco no funcionário, ou foco na sociedade. São as áreas que esses executivos mais apóiam.

Mas o foco tem que ser de toda a empresa, não tem efeito se for apenas do executivo sênior. “Quando temos foco, todo mundo precisa ter conhecimento dele”. Isso quer dizer que as pessoas que executam o trabalho em toda a empresa precisam ter a noção desse foco para poder praticá-lo e para que, assim, haja execução.

O que foi no passado chamado de qualidade total. “Qualidade é satisfação e total é para todos. Uma empresa que sonhe qualidade total é uma empresa que se paute em levar qualidade total para todos. “Nem sempre é fácil. O que eu defendo é realmente o foco financeiro. O controle financeiro precisa ser forte”.

Falconi explica que a essência do trabalho numa organização é atingir resultados e, portanto, o domínio do método, por todas as pessoas, é fundamental. Isso é válido para todas as pessoas de uma empresa, desde seus diretores até os operadores, que devem ser envolvidos no método de solução de problemas para atingir os resultados necessários. “Qualquer que seja o nível educacional do funcionário de uma organização, o método que usa é o mesmo. Isso viabiliza criar uma linguagem gerencial comum e conduz a uma participação natural de todas as pessoas no gerenciamento da empresa”.

Durante o bate-bato, Falconi afirmou que existem três fatores que são fundamentais para que se obtenham resultados extraordinários: liderança, conhecimento técnico e método.