Você é um dependente tecnológico?



A falta de bom senso no uso de meios eletrônicos pode roubar as boas experiências da vida real

Você já calculou quanto tempo passa navegando na internet? Tem se preocupado ou fica irritado quando não pode estar conectado? Tem dividido mais seu tempo com o mundo virtual do que com pessoas presentes fisicamente?

Se a resposta for positiva a uma dessas perguntas, você pode ser um dependente tecnológico. De acordo com o Programa de Dependência de Internet do Hospital das Clínicas de São Paulo, esses são sintomas do vício tecnológico.

O problema se manifesta com a incapacidade do indivíduo em administrar o uso e o envolvimento crescente com a internet. Isso acaba conduzindo a uma perda progressiva do controle e aumento do desconforto emocional.

O pesquisador John O’Neill, diretor da Menninger Clinic, em Houston, nos Estados Unidos, para tratamento contra vícios, considera que os dependentes de telefones celulares ou emails “dividem alguns dos mesmos componentes que pessoas viciadas em álcool ou drogas”. Elas não conseguem deixar o uso de lado, mesmo sabendo das consequências.

Segundo o conceito estabelecido pelo programa do HC, essas pessoas procuram os meios eletrônicos como forma de aliviar a tensão e a depressão.

Os mais tímidos, por exemplo, podem usá-los como ferramenta social e de comunicação. Para os especialistas, é possível considerar o vício tecnológico como uma doença impulsiva, capaz de provocar sérios danos nas relações sociais, tal como acontece com o alcoolismo.

O’Neill vê como sinais de relação doentia o uso excessivo de mensagens de texto ou de voz e envio de emails quando o contato pessoal, seja com a família, amigos ou colegas de trabalho, seria mais apropriado.

Há cerca de um ano, uma britânica, viciada em jogos online, foi proibida de usar computadores porque não alimentava corretamente os filhos e deixou dois animais de estimação morrerem de fome.

De acordo com as investigações, ela recebeu o convite para jogar por um site de relacionamento. No começo, era por uma hora, mas em pouco tempo, o comportamento obsessivo se instalou e a mulher passou a dormir só duas horas por dia, além de não cumprir com determinadas obrigações.

O psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do programa de Dependência de Internet do HC, diz que o problema começa a ser endêmico, caso de saúde pública.

“Em alguns países, como os tigres asiáticos, já existe essa preocupação. No Brasil, essa percepção ainda está longe de acontecer. Isso é alarmante, pois o País é líder de tempo em conexões domésticas no mundo”, ressalta Abreu.

O Brasil também está entre os maiores consumidores de produtos tecnológicos para uso pessoal. As vendas de computadores, por exemplo, bateram recorde no segundo trimestre deste ano: foram quase quatro milhões de unidades.

Os brasileiros só ficaram atrás dos consumidores chineses e americanos. Um levantamento feito pela consultoria Accenture revelou que o Brasil, entre oito dos principais países emergentes e industrializados, foi o que mais vendeu celulares em 2010.

Para o psicólogo, as pessoas perderam o bom senso do que seria o uso razoável da tecnologia de comunicação disponível hoje em dia. “O uso razoável é a utilização da internet de uma forma que ela não roube experiências que você poderia ter na vida real”, alerta o professor.

Os casos mais graves podem ser tratados com a psicoterapia, que vai orientar a mudança de comportamento. Para evitar o diagnóstico de dependência e garantir a saúde mental e emocional, trocar alguns hábitos modernos podem ajudar:

- na hora das refeições, dedique-se ao prazer que isto proporciona, principalmente se estiver na companhia de outra pessoa, e deixe o celular de lado;
- desligue o telefone também quando estiver no cinema ou no teatro e aprecie a apresentação ou o filme;
- ao invés de passar horas na frente do computador, aproveite um dia bonito para dar um passeio ao ar livre;
- se for inevitável, determine um intervalo de tempo de acesso à internet ou ao uso do computador, principalmente se estiver em casa.

A tecnologia está à disposição para facilitar o dia-a-dia, agilizar as tarefas, levar diversão e conhecimento. No entanto, é preciso cuidado para não se tornar refém desses meios.

Veja as características de usuários graves de internet, que passam muito tempo e que podem ter dependência de internet

- Pessoas inteligentes e mentalmente muito ágeis
- Referem passar o “dia todo” conectados
- Pertencentes a todas as faixas etárias
- Apresentam depressão e/ou ansiedade
- Preferem as interações virtuais as reais
- Utilizam a internet como uma forma de expressão daquilo que realmente são e pensam (refúgio)
- Ciclo de amizades e de relacionamentos muito empobrecido
- Desenvolvem idiossincrasias na rede

Uma pesquisa realizada no Reino Unido indica que trabalhadores britânicos desperdiçam em média dois dias de trabalho por mês com buscas inúteis na Internet.

A pesquisa da instituição YouGov diz também que 70% dos 34 milhões de internautas do país perde quase um terço do seu tempo online em buscas que não têm objetivo definido.

Os homens seriam o grupo mais afetado pelo problema, que analistas de hábitos na internet batizaram com a sigla WILF, juntando as primeiras letras da frase "o que eu estava buscando?" em inglês ("what was I looking for").

Sexo e compras

Um terço dos internautas chegou a admitir que essas pesquisas inúteis chegaram a prejudicar o relacionamento com suas parceiras.

Os maiores culpados pelos problemas identificados na pesquisa seriam os sites de compras e os de conteúdo sexual.

"No entanto, o estudo mostrou que, embora as pessoas se conectem com algum objetivo, elas têm tantas ofertas e distrações online, que muitos se esquecem porque estão lá e para quê, e acabam surfando sem destino durante horas", disse Lloyd.



Referências bibliográficas: Instituto de Psiquiatria – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Uso consciente da internet

Posted in Marcadores: , | 0 comentários

Dicas de comunicação eficaz (essa você não pode deixar de ler)


Recentemente fiz uma viajem de ônibus pela empresa Expresso Guaraná (fictício) para a cidade de Quixadá, que fica no sertão central do Estado.

Depois de guardar bagagem e me acomodar, o motorista entra no ônibus e faz um comunicado a todos os passageiros que vou escrever aqui mantendo o tom coloquial.

" meu nome é Marcílio (nome fictício), nós iremos para Quixadá a viagem terá cerca de 3 horas e como todos sabem é lei federal a utilização
do cinco de segurança. Caso alguém não quiser usar faça um comunicado por escrito sobre esta decisão, se acontecer alguma coisa com alguém que não estiver usando
o cinto isso não é problema meu. Inclusive se alguém não usar e acontecer algo eu pago uma multa."

Depois desse desastre de atitude e comunicação fiquei refletindo sobre alguns aspectos que queria partilhar com vocês:

1- Imposição é diferente de conscientização
A atitude do motorista foi mais de impor um comportamento do que conscientizar da importância da utilização do cinto de segurança. O cumprimento da lei era reforçado
apenas para ele não pagar multa, a segurança e integridade da pessoa ficou em segundo plano. O profissional apenas estava preocupado com ele.

2- Falta de consciência da missão da instituição
A empresa tem como missão prestar serviços de qualidade em transportes de pessoas, através de sistema de gestão, ética, respeito ao social... Onde está
a qualidade do serviço prestado? Onde está a missão do papel transformada em atitude pelo profissional? Sua postura foi de quem não conhece a missão da empresa e
se conhece a ignora.

3- Adesão zero
Depois do comunicado, fiquei olhando ao meu redor e não vi ninguém colocando o cinto.Quando se impõe, não se conquista, não convence.

4- Marketing negativo
Bem percebi que como cliente, precisava socializar essa experiência com meus leitores do blog, infelizmente a experiência foi negativa.
Mas quem sabe na próxima viagem a Quixadá eu conte como foi a experiência da viagem com o concorrente. cliente insatisfeito não volta mais...

Um abraço a todos!

José Felipe Jr.

Posted in Marcadores: | 0 comentários

Você também é um fora da lei?

Lawrence (Larry) Lessig, defensor da redução das restrições sobre os direitos autorais, estará no Brasil nos dias 23 e 24 para o Fórum HSM de Negocição

“Estou em posição extremamente privilegiada por ter enorme liberdade para falar sobre o que acredito e devo usar esse privilégio para fazer algo útil para nossa sociedade”, afirma Lawrence (Larry) Lessig. Defensor da redução das restrições sobre os direitos autorais, marcas registradas e espectro de frequência de rádio, o professor das faculdades de direito de Harvard e Stanford será um dos palestrantes do Fórum HSM Negociação 3.0, que será realizado nos dias 23 e 24 de agosto, em São Paulo. Sua apresentação recebeu um título provocador: “Quem é o dono de sua marca?”.

“A quem pertence o quê” e o que é, de fato, criação, são algumas das intrigantes perguntas que a Era Digital nos coloca. Em seu livro Free Culture: how big media uses technology and the Law to lock down culture and control creativity, Lessig chama a atenção para o fato de que a tecnologia digital confere aos indivíduos muito mais poder para criar em cima de criações já existentes. “Poder” sim, em termos de recursos e capacidade, mas “direito” quase sempre não. Simplesmente, porque a lei, em tese, protege os autores e proíbe o uso de suas obras. Na prática, porém, os usuários geralmente não se atêm às restrições.

Durante palestra ministrada ao TED, Lessig, que é economista, administrador de empresas, mestre em filosofia e doutor em direito, destacou que, com a democratização da técnica, praticamente qualquer pessoa pode combinar sons e imagens da cultura e usá-los para passar sua própria mensagem. Então, cada uso produz uma cópia que exigiria permissão. Como a permissão não é solicitada nem concedida, o internauta que combina conteúdos é um invasor.

Ele analisou o comportamento das crianças e dos jovens na atualidade e fez um chamado à realidade: “Temos que reconhecer que eles são diferentes de nós. Nós assistíamos à TV, eles fazem TV. A tecnologia os tornou diferentes”. Para Lessig, as ferramentas de criatividade se tornaram ferramentas de discurso. “É a alfabetização dessa geração. É assim que nossas crianças falam. É como nossas crianças pensam; é o que nossas crianças são, conforme mais compreendem as tecnologias digitais e seus relacionamentos entre si”.

Se essa é uma realidade inescapável, se não podemos tornar os jovens passivos como eram as gerações anteriores, também não podemos torná-los piratas: “As pessoas comuns vivem hoje fora da lei, e é isso que nós estamos fazendo com nossos filhos. Eles vivem sabendo que estão contra as leis, o que é uma percepção extremamente corrosiva. Em uma democracia, nós temos de ser capazes de ser melhores do que isso”, reflete Lessig. É por esse motivo que defende um modelo no qual alguns direitos são reservados, outros são liberados ao público.

Creative Commons

O final do século 20 assistiu ao início do questionamento à frase (ou à ideia) “Todos os direitos reservados”. Hoje, quem não é a favor dela não necessariamente é a favor da pirataria ou contra os direitos autorais, pois há um terreno intermediário no qual nem todos os direitos têm de ser reservados. Trata-se do Creative Commons, sistema de licenciamento pelo qual o autor da obra determina se ela pode, por exemplo, ser reproduzida apenas com a menção da autoria, se pode ser usada para produção de uma obra derivada ou se pode ser utilizada em fins comerciais.

Presente em cerca de 80 países e reunindo 350 milhões de objetos na web, o Creative Commons vem fazendo sucesso, por exemplo, no Oriente Médio. Em entrevista concedida à Wipo Magazine, Lessig, um dos fundadores da Creative Commons, contou que Egito, Jordância, Líbano, Qatar e Emirados Árabes já processam licenças Creative Commons. “É muito interessante que, nesses países, elas encorajam o respeito aos direitos autorais”. A razão para isso, segundo o entrevistado, é a moderação, isto é, o equilíbrio entre restrições e permissões. “É uma maneira de construir respeito pelos direitos autorais.”

A rede de televisão Al Jazeera, do Qatar, liberou, no ano passado, um grande volume de material em vídeo sob a licença de atribuição (cuja única exigência é dar os créditos ao criador). O benefício comercial é da Al Jazeera, pois sua marca é difundida. No Brasil, por meio de uma licença Creative Commons, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo permite, desde o dia 7 de junho, que o material didático por ela produzido possa ser utilizado por outros municípios, desde que não seja para fins comerciais.

Lessig ressalta que alguns negócios não poderiam existir, não fosse a licença moderada da Creative Commons. É o caso dos sites de remixagem de músicas. Se as músicas não fossem licenciadas pela Creative Commons, o negócio seria ilegal.

Em relação aos caminhos futuros, ele explica que há duas vias: ou tornamos mais rigorosa a guerra para manter a estrutura atual em torno da propriedade intelectual, o que ensejará mais rejeição aos direitos autorais por parte do público, ou pensamos em uma arquitetura mais sensata para a era digital, que assegure que os incentivos sejam mantidos, ao mesmo tempo em que a liberdade é garantida. “Se o regime de direitos autorais focar as pessoas a quem deve ajudar, que são os artistas e criadores, e construir um sistema que lhes dê liberdade de escolha, de proteção e de recompensa por sua criatividade, então teremos o foco certo”, explica.

Para o acadêmico e ativista político, em uma sociedade livre, as pessoas precisam ser capazes de intuir por que as leis existem, e a lei de direitos autorais não faz sentido para a maioria.

Crédito foto: Flickr

Referências:

FOLHA ONLINE. “Material didático da Prefeitura de SP será baixado de graça”. 06 jun. 2011. Disponível online em: . Acesso em 20 jul. 2011.

LESSIG, Lawrence. Free Culture: how big media uses technology and the Law to lock down culture and control creativity. Nova York: The Penguin Press, 2004.

TED TALKS. “Larry Lessig on laws that choke creativity”. Vídeo disponível online em . Acesso em 20 jul. 2011.

WIPO MAGAZINE. “Interview with Lawrence Lessig”. Fev. 2011. Disponível online em: . Acesso em 21 jul. 2011.

Por Alexandra Delfino de Sousa, administradora de empresas e diretora da Palavra-Mestra

Posted in Marcadores: | 0 comentários