Nossa missão: instaurar a Paz!


Quem são os pacificadores? Algumas traduções definem como “aquele que trabalha pela paz” ou ainda “aquele que tem sua vida dirigida para as coisas que promovem a paz”. Segundo alguns comentaristas, o sentido mais correto da expressão pacificador refere-se à promoção de concordância entre duas ou mais pessoas que estão em contenda, em guerra, em litígio.

E é fato que vivemos em um mundo de guerras, e em várias dimensões. Existe a dimensão das nações, do mercado de trabalho, das tribos e gangs (ex. adolescentes), e mesmo debaixo do mesmo teto. Qualquer que seja a dimensão, a incapacidade de viver e conviver em paz reflete a natureza pecaminosa e egoísta da humanidade. Toda guerra tem uma raiz lá dentro dos nossos corações. Por outro lado, todo o processo de paz também só pode acontecer se uma grande mudança for promovida lá dentro de nossas vidas, no âmago das motivações e desejos.

Jesus é conhecido como o Príncipe da Paz. Sua grande obra foi nos reconciliar com Deus através da cruz. Ele quebrou as barreiras da inimizade e nos fez viver em paz com nosso Pai Celeste. Sua obra de reconciliação estende-se para nosso mundo interior. Reconciliando-os conosco mesmo, conduzindo-nos a perceber que se ele nos ama com esse amor indescritível, porque eu não deveria ter um amor próprio? A reconciliação também nos faz enxergar nosso próximo para que esse amor próprio não seja isolado e ilhado. Somos, assim, reconciliados pelo Príncipe da Paz.

Experimentando essa paz em Cristo, somos chamados para sermos embaixadores da paz. Como pacificadores precisamos entender e viver muitas coisas, dentre as quais destaco três características a serem perseguidas:

O LIDER PACIFICADOR PRECISA SABER DISCERNIR ENTRE A "FALSA" E A "VERDADEIRA PAZ".

Para que aconteça esse discernimento é necessário um compromisso de oração pessoal diária. A oração purifica e aumenta a nossa visão espiritual, capacitando-nos a um bom discernimento. Estar com o Senhor, aos seus pés diariamente faz com que tenhamos um discernimento apurado, não seremos enganados facilmente pela falsa paz. Quero ressaltar aqui também a importância da oração em grupo; na família, no trabalho, com os amigos. O líder antes de tudo é uma pessoa de oração, pois reconhece que sem a Graça de Deus não é nada.

Disse Jesus: ”Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo.” Jo 14.26

Jesus destacou que sua paz é de natureza diferente do mundo. Há um tipo de paz que é falsa, passageira, vendida por aí nas bancas, programas de televisão ou nas ruas.

Muitos movimentos chamados de pacifistas são superficiais e escondem atrás de si outras motivações. O movimento dos hippies, por exemplo, trazia atrás de si a motivação de uma vida irresponsável, onde a liberdade era sinônima do sexo liberado, do consumo de drogas, da rejeição de qualquer tipo de autoridade. Outros trazem o desejo de assumir o poder político ou de ganhos financeiros.

Muitas pessoas também se enganam em considerar que a paz implica em não confrontar, em omitir fatos, em esconder a verdade. Existem muitos adeptos da política de “panos mornos” como que se, assim, tivessem paz. Evitam conversas francas, evitam assertividade. Pensam que a aparência de paz é suficiente. Paz aparente, mas profundos conflitos.

A verdadeira paz somente pode ser alcançada com a instalação da natureza de Cristo em nossos corações. A partir disso, começa um longo caminho de “transfusão de caráter”, uma espécie de download de um novo software que regerá nossos valores, pensamentos, palavras e atitudes. Em palavras bem conhecidas, paz só existe a partir da salvação em Cristo seguida da santificação produzida pelo Espírito Santo.

Um pacificador, segundo Jesus, trabalha na direção de promover a verdadeira paz que vem na entrega mais sincera e profunda de nossos corações a Deus, aceitando a obra suficiente de Cristo e deixando-se moldar pelo seu caráter.

O ponto de partida, portanto, do pacificador, é o Cristo Ressuscitado que passou pela Cruz. Qualquer aparência de paz fora de Cristo é falsa!

O líder pacificador tem que combater “o que rouba a paz”.

Disse Jesus: “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” Jo 10.10

Vida em abundância é sinônimo de vida plena de paz. Vida sob o senhorio de Cristo Jesus. Não uma vida isenta de sofrimentos, nada disso, uma vida unida a Cristo mesmo na dor de cada dia. Mas Jesus deixa claro que há inimigos, forças que tentam roubar-nos essa paz. Pelo menos duas forças brigam intensamente contra a instalação da paz.

A primeira é nossa natureza pecaminosa e egoísta, o homem velho que há dentro de cada um de nós. Aquela natureza que traz pensamentos impuros à mente, libera palavras mortíferas sobre outras pessoas, que nos faz fofocar, invejar e outros hábitos que roubam a paz dos relacionamentos.

Neste ponto, o pacificador é alguém experiente e atento a tudo o que provoca a ignição dos conflitos e guerras. Alguém disse que toda guerra começa nas palavras. Toda palavra nasce de pensamentos e valores. Todos os valores estão fundamentados em nossa natureza. Em nosso caso, todos os valores estão fundamentados na natureza do "homem novo", revelada por Jesus nos Evangelhos e impressa em nós pelo Espírito. Promover a paz, portanto, é ministrar ao coração das pessoas a partir das atitudes e procedimentos que flagram nossa distância do padrão de Cristo. Flagrar o ladrão da paz que está arraigado em nós pode ser uma atitude do pacificador que trará cura e libertação.

A segunda força que quer roubar nossa paz é Satanás e suas obras malignas. Jesus sabia disso muito bem. Em seu relacionamento com Pedro, disse claramente que Satanás queria segá-lo, fazendo-o romper seu relacionamento com o Mestre através da negação. Jesus sabia muito bem as setas malignas lançadas contra o coração de Pedro e que o fariam perder a paz. Mas Cristo providenciou o escape intercedendo pelo amado discípulo.

Neste ponto, o pacificador sabe muito bem que existem forças do inferno que lutam para romper a paz conquistada por Cristo por meio da sua paixão, morte e ressurreição. O combate do pacificador se dá pela vivência dos Sacramentos, em especial a confissão e a Eucaristia. Também de um amor filial e sadia devoção a Nossa Senhora. Aqui temos que lembrar que o pacificador é aquele que promove a unidade onde quer que esteja.

Qualquer esforço para pacificar fora desses recursos providenciados por Deus resultarão em fadiga e exaustão.

O líder pacificador tem que promover “a verdadeira paz”

Disse Jesus: “o sal é bom, mas se deixar de ser salgado, como restaurar o seu sabor? Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros.” Mc 9.50

Jesus relaciona diretamente o fato de termos sabor e fazermos diferença à capacidade de vivermos em paz uns com os outros. Esse é um ministério deixado por Jesus a cada um de nós: o de sermos agentes para reconciliação.

A primeira atitude prática que um pacificador faz em um processo de reconciliação é estabelecer uma situação de “cessar fogo”. Não há condições de trazer paz em meio a um tiroteio. É necessário que uma bandeira branca seja levantada para um recesso. Pessoas envolvem-se tanto nos tiroteios dos conflitos que se tornam incapazes de baixar a guarda. Aí entra o pacificador, oferecendo sua credibilidade e autoridade para essa pausa.

A partir da pausa, o pacificador deve trabalhar rapidamente para “discernir causas e motivações”, agindo de maneira imparcial e justa. O trabalho de reconciliar exige a firme determinação de ouvir, fazendo perguntas certas, dentro de um ambiente de amor, acrescentando verdade e sinceridade.

Após entender bem o contexto, o pacificador deve aproximar-se incentivando a “busca de entendimento”. Isso exigirá certamente a necessidade de pedir e liberar perdão. Via de regra, ambos os lados tem sua mea-culpa. Muitos conflitos acontecem pela grande intolerância presente nas relações humanas. Assim, é importante a ministração da importância de suportarmos um ao outro. Na Bíblia não faltam instruções insistentes nesta direção.

Uma vez entendido, perdoado, haverá pré-disposição para “promover a reconciliação”. Neste ponto, o amor de Cristo deve ter brotado nos corações para que o ato não seja uma mera formalidade. Normalmente haverá certo constrangimento santo ao perceberem como foram tão intolerantes um com o outro. Quando o pacificador chega neste ponto, ele já sente concretamente o fluir da paz de Cristo.

Assim, o líder pacificador cumpre sua missão e pode alegrar-se, ser bem-aventurado, ser feliz.

Lá vem o filho de Deus...
Disse Jesus: “Como é que você me pede “mostra-nos o Pai’? Você não crê que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que digo a vocês não são as minhas. De fato, é o Pai que habita em mim que está fazendo o trabalho.” Jo 14.9, 10

O texto afirma que os pacificadores serão chamados filhos de Deus. É claro que não se trata de semelhança física, mas semelhança com o caráter de Cristo.

À medida que exercermos nosso papel de pacificadores, reconciliando pessoas com Deus e com seus semelhantes, nos tornamos parecidos com Jesus. Que falem de nós: “lá vem o filho de Deus”.

Aceite o desafio de ser o embaixador do Reino da Paz! Deus fará coisas grandiosas através de sua liderança pacificadora. Vamos promover a Paz, essa é nossa missão em meio a esse mundo marcado pelo pecado.

Shalom!


Vanilton Lima
Comunidade Católica Shalom
Sec. Planejamento e Gestão

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