Quais serão os próximos ícones?



Quais serão os próximos ícones?
Por Cristiane Correa - Portal Exame

Ainda me lembro claramente da sensação que tive antes de começar minha entrevista com o presidente mundial da GE, Jeff Immelt, em janeiro de 2005. A GE era à época a empresa mais valiosa do mundo (seu valor de mercado era de 389 bilhões de dólares), o que fazia de Immelt um dos executivos mais poderosos do planeta. Era a primeira visita do executivo ao Brasil e aquela seria sua única entrevista. Ou seja, eu estava apavorada. Suava frio e tinha certeza de que não conseguiria pronunciar uma palavra em inglês. Quando Immelt entrou na sala de reuniões do hotel Hyatt, onde eu o aguardava, o pavor aumentou. Alto como um jogador de basquete (ele chegou a praticar o esporte na universidade), o sucessor do lendário Jack Welch é uma daquelas pessoas que não passam despercebidas. Para minha surpresa, porém, ele foi absolutamente simpático desde o início e me deixou bastante à vontade para fazer o trabalho. Trinta minutos depois eu sairia daquela sala feliz da vida por ter conseguido a matéria.

Por que estou lembrando desta entrevista agora? Porque a GE é uma das empresas que eu aprendi a admirar nesses 10 anos em que trabalho com jornalismo de negócios. Fundada por Thomas Edison há mais de um século a GE há muitos tempo se tornou uma lenda. Seu centro de treinamento de executivos em Crotonville (que conheci ano passado) tornou-se ao longo dos anos uma referência para companhias de todo o mundo. A GE parecia imbatível -- e, no entanto, a crise mundial está fazendo com que a companhia passe por uma das maiores provações de sua história. Nos últimos 12 meses, seus papéis perderam quase 60% do valor e as agências de risco fizeram um downgrade em sua avaliação -- a nota AAA, que a empresa orgulhosamente manteve por cinco décadas, já não existe mais.

A GE não é o único ícone a tropeçar na crise. A japonesa Toyota, uma montadora conservadora e obcecada por eficiência também enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua trajetória. Criadora de conceitos como o just-in-time, copiado por empresas do mundo todo, a Toyota vinha se preparando há décadas para tornar-se a maior montadora do planeta. Recentemente ela ultrapassou a combalida GM na liderança, mas o fato não mereceu muita comemoração. Suas vendas estão encolhendo e a empresa se viu obrigada a iniciar uma onda de demissões -- algo que soa quase como um pecado numa companhia que prezava o emprego vitalício.

O que pensar quando empresas aparentemente inabaláveis como GE e Toyota perdem fôlego? Não sei a resposta e honestamente estou me sentindo um tanto desorientada sem as minhas "velhas referências". Se a eficiência da Toyota e a capacidade de formação de lideranças da GE não são mais suficientes, o que é? Depois de passada a crise, quais serão as empresas que terão se tornando ícones? Serão aquelas com jeitão do Google e da Apple ou as "antigas" vão conseguir recuperar o brilho?

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