Na crise podem surgir estratégias?
Posted On segunda-feira, 7 de dezembro de 2009 at às 07:10 by José Felipe Jr.Um dos maiores especialistas do mundo em estratégia, Michael Porter abriu o terceiro dia da ExpoManagement 2009 chamando a atenção para as mudanças trazidas pela crise.
Michael Porter abriu o terceiro dia de palestras da ExpoManagement 2009 chamando a atenção para duas coisas que estão acontecendo no momento estratégico das empresas. A primeira, explicou, é que estamos no meio de uma crise econômica e muitos setores sofreram a desaceleração. “A crise estimulou uma atividade tremenda dentro da empresa. Estamos fazendo mudanças rápidas e notáveis no jeito de fazer negócios”. Porter afirmou que nesta crise há muitos desafios e oportunidades, o que torna mais importante ter uma idéia clara e precisa de estratégia. “Isso afeta a atitude e o pensar de muitos gerentes”.
A segunda, é que na avaliação dele, o Brasil está avançando. “Não me lembro de uma época tão promissora”, declarou, enfatizando que o País está indo muito bem. “Há uma espécie de energia no ar”. Porter afirmou que o crescimento do Brasil vai ser relativamente rápido, e o planejamento estratégico se faz importante neste momento. "Nenhuma empresa quebra por ser lucrativa demais. Mas ela quebra por crescer rápido demais", declarou. É preciso tomarmos muito cuidado com o desenvolvimento dos negócios para não andar rápido demais. As empresas brasileiras estão bem posicionadas para transformar crise em oportunidade. Isso só vai acontecer se houver clareza no pensamento estratégico.
Porter foi categórico ao afirmar que não podemos confundir estratégia com metas e objetivos. Para ele, a estratégia não é um sonho, é uma coisa muito concreta, específica e clara. Ele afirmou que a meta fundamental de uma empresa é obter um retorno superior do investimento no longo prazo e que o crescimento só é bom se permitir obter e manter um retorno superior do capital investido. “A lucratividade tem de ser medida com realismo, determinando-se o lucro efetivo da totalidade do investimento”. Porter ainda chamou a atenção para o erro de se fixar metas irrealistas de lucratividade ou crescimento, que podem prejudicar a estratégia da empresa.
Eficácia operacional não é estratégia
Para o especialista tanto eficácia operacional como estratégia são essenciais para o desempenho superior, que, afinal, é o objetivo primordial de todas as empresas. Mas elas atuam de formas diferentes. “O papel do administrador é entender essas melhores práticas e trazer as mesmas para a empresa. Isso não vai te trazer vantagem competitiva se for feito isoladamente. A melhoria dessas práticas são necessárias,mas não suficientes”. Ele explicou que se você não for bom na execução das suas práticas operacionais, a sua estratégia não vai servir para nada. Quanto melhor for a sua estratégia, melhor o seu desempenho.
A eficácia operacional significa ter um desempenho melhor do que os seus rivais nas mesmas atividades. Abrange a eficiência, mas não se limita apenas a esse aspecto; diz respeito a quaisquer práticas pelas quais a empresa utiliza melhor o insumo. Em contraste, o posicionamento estratégico significa desempenhar as atividades diferentes das exercidas pelos rivais ou desempenhar as mesmas atividades de maneira diferente. “Eficácia seria como fazer a mesma corrida, mais rápido. E estratégia, correr um caminho diferente”, exemplifica.
Porter enfatizou que os concorrentes conseguem imitar com rapidez as técnicas gerenciais, as novas tecnologias, as melhorias nos insumos e as formas superiores de atender às necessidades dos clientes. “As soluções mais genéricas são as de mais rápida difusão”. A competição com base na eficácia operacional desloca para fora a fronteira da produtividade, elevando os padrões para todos os participantes. No entanto, embora acarrete melhorias absolutas na eficácia operacional, essa modalidade de competição não gera aprimoramentos relativos para qualquer concorrente. O professor explicou que a competição baseada apenas na eficácia operacional é mutuamente destrutiva, levando a guerras de desgaste que terminam apenas com a limitação da competição. O resultado é uma competição de soma zero, com preços estáticos ou declinantes e pressões de custo que comprometem a capacidade das empresas de investir no longo prazo do negócio.
HSM Online
02/12/2009