Yammer, a versão corporativa e rentável do Twitter



Há um ano surgiu mais uma empresa de tecnologia no Vale do Silício, o Yammer. A proposta é muito parecida com o que é o microblogger Twitter, com duas diferenças básicas: é destinado a empresas e, desde que nasceu, é lucrativo.

O Yammer já tem 50 000 clientes e no time de fundadores estão profissionais que estiveram nos bastidores do Facebook, o ex-COO da PayPal e a venture capital Charles Rivers. Durante a apuração da reportagem ''O e-mail morreu'', que está na edição desta quinzena de Exame, conversamos com Rahul Agarwal, diretor de comunicação do Yammer, que nos contou como a empresa acredita que está mudando as regras de comunicação. Abaixo, a entrevista na íntegra.

1. Como surgiu a Yammer e qual é o principal objetivo da companhia?
O objetivo da empresa é revolucionar a comunicação corporativa, a forma como o e-mail rege a comunicação nas organizações. Todo o mundo o usa, mas não é um bom meio para empresas. Com o e-mail eu mando uma mensagem para alguém que não pode escolher se quer receber esse e-mail ou não. Também são problemáticos aqueles e-mails que as pessoas mandam para ''todos'' do escritório, porque o inbox fica lotado e muitos vão responder a essa mensagem novamente ''a todos''. E muitas vezes a maioria das pessoas não tem nada a ver com essa discussão.

O que diferencia o e-mail do Yammer é que você escolhe de quem quer receber mensagens (popularmente, como no Twitter, se diz ''quem você quer seguir''). Quando você segue essas pessoas, as atualizações delas aparecem na sua tela. Mas mesmo se você não segue determinada pessoa, se é uma discussão iniciada por alguém que você não segue, há a chance de ir até essas pessoas e entender do que se trata. Assim você vê informações que são importantes para a empresa, agiliza a obtenção e disseminação de informações.
2. Mas de que forma exatamente vai mudar a comunicação nas empresas?
A ideia em torno de um microblog é que ele força as pessoas a serem sucintas. Nos e-mails, não. Você pode escrever cinco parágrafos mesmo quando só um é relevante. O Yammer tem uma espécie de ''norma social'' que as pessoas captam. Assim ele evita os cinco parágrafos e traz produtividade, deixando também de lado a formalidade do email. Dispensa a introduções formais como ''Prezado Fulano'' ou ''Olá, tudo bem'' e o preenchimento do ''assunto'', além do trabalho de encontrar o endereço de e-mail correto. No Yammer há uma caixa em branco, é só escrever e publicar sem se preocupar com as formalidades. As pessoas ficam mais acessíveis.

3. Quais são os usos mais comuns do Yammer?
Normalmente o Yammer é usado para comunicação entre departamentos, especialmente em empresas em que a comunicação é baseada em arquivos. Uma pessoa do departamento de engenharia segue outra de relações públicas e pode saber o que está acontecendo com a empresa publicamente. A comunicação continua baseada em arquivos, mas reduz o fluxo de e-mails e diminui a burocracia. É possível ler o que o CEO ou o estagiário tem a dizer. É uma forma de manter os funcionários atualizados, de avisar quando há alguém novo, por exemplo. E as pessoas podem procurar palavras chaves para saber o que está sendo dito sobre um projeto ou novidade e as buscas são em tempo real. O Yammer realmente promove conversas em tempo real, é muito parecido com ferramentas de mensagens instantâneas, mas não privadas.

Há ainda a possibilidade de enviar mensagens diretas e criar grupos. Nos grupos públicos, qualquer pessoa pode se juntar se tiver interesse semelhante. [Na AMD, cliente do Yammer com quem Exame conversou, há um grupo para quem gosta de games]. Nos privados, é possível juntar o time de vendas, por exemplo, para falar assuntos referentes apenas a essa área e ninguém de marketing, engenharia ou relações públicas tem acesso. Isso é bom para categorizar discussões. Nós queremos continuar integrando a ferramenta com o fluxo de trabalho de outras pessoas. Hoje, se você tem um smartphone de qualquer tipo, você pode acessar o Yammer. Temos aplicativos para iPhone, para Blackberry e para Windows Mobile. Também estamos integrados ao Outlook, da Microsoft. Isso significa que você não precisa mudar toda a sua cultura, pode apenas integrar isso no seu fluxo de trabalho.

4. No Yammer também há limite de caracteres por mensagem, como os 140 do Twitter?
Não, porque para 90% das pessoas nas empresas isso não é muito conveniente. É legal no Twitter, onde você pode usar gírias e abreviações, mas não na empresa, onde as pessoas têm mais o que fazer do que se preocupar em fazer uma mensagem se adequar ao padrão. Às vezes espaço é necessário nos negócios. Tem uma pequena caixa, para indicar que a mensagem deve ser curta, mas sem limites.

5. Quantos clientes já conquistaram?
Temos 50 000 redes criadas, são 50 000 empresas usuárias, contas ativas. Aliás, nós recentemente ultrapassamos esse número. Estamos crescendo incrivelmente rápido. Tínhamos 45 000 clientes em uma semana e na outra estávamos com 50 000. Alguns são clientes grandes, como a rede de televisão FOX, a consultoria Delloite, e a fabricante de chips AMD.

6. Biz Stone, um dos fundadores do Twitter, esteve no Brasil recentemente (clique aqui e veja o vídeo) e falou dos esforços da empresa para conseguir lucro. Ao contrário, o Yammer tem uma proposta muito semelhante e já tem lucro, certo?
Obviamente, o Twitter vai ficar bem. Mas é isso mesmo. Quando nós fomos fundados, muita gente nos chamava de ''Twitter com um plano de negócios''. Eles focaram nos usuários finais e nós no ambiente corporativo, isso nos permite sair e vender redes e gerar receita imediatamente.

7. Como você vê a posição do e-mail hoje na comunicação?
O e-mail está se tornando desatualizado e antigo, porque existem muitas formas alternativas para conversação. Obviamente, o e-mail não vai morrer ou pelo menos não rapidamente, mas há cada vez mais gente abandonando esse meio, feliz com o fato de haver outras formas de comunicação fora do e-mail. A questão é que hoje qualquer um pode criar uma rede Yammer. Então, se quiser formar uma rede privada entre você e outras pessoas que queira convidar, é possível. As pessoas estão muito empolgadas com isso.

Fonte: Portal Exame PME - Luiza Dalmazo

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